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Por que tanta pressa?

Dormir tarde, acordar cedo, evitar o trânsito, produzir, emendar trabalho na aula, comer correndo, assistir aula na velocidade 2x, demorar para responder por falta de tempo, livros começados e não acabados, pilha de livros sequer começados, mil e um projetos de artigos no bloco de notas, listas eternas de coisas a serem feitas, áudios no whatsapp também na velocidade 2x, agenda lotada até o final do ano, novos casos surgindo, demanda de trabalho aumentando (graças a Deus), treinar 5x na semana (que horas?), meditar 10min todos os dias (mais que isso não dá), tentar encaixar terapia, lazer e vida social nos intervalos. Que intervalos? Que tempo? Para onde vai o nosso tempo? Estamos vivendo ou só emendando uma coisa na outra?

É fato que o tempo é um dos nossos ativos mais importantes da atualidade. Mas será que nós efetivamente sabemos administrá-lo? 

Sou notadamente conhecida por ser uma pessoa que acumula muitas obrigações. Desde que me conheço por gente tenho uma rotina atribulada, e a verdade é que sempre me dei bem tendo excesso de coisas para fazer do que não tendo nada. Não me dou bem com o ócio, com a falta do que fazer. A verdade é que a ausência de desafios me entedia. Desde pequena sou adepta das agendas (hoje planners), listinha de afazeres, metas anuais e é fazendo planos e focando na organização que minha vida segue em frente. 

Mas há algum tempo venho sentindo o peso do excesso de coisas para fazer. Hoje passei metade da minha terapia falando sobre como estou cheia de demandas maravilhosas para cumprir, que me dão prazer em executá-las, mas que sinto que não estou conseguindo me doar como gostaria porque estou exausta.

É um nível tão grande de exaustão que eu tirei o final de semana passado para descansar e não consegui dormir bem nenhuma noite. E isso não é nada saudável. Cumulado com tudo isso, semana passada tive minha primeira crise de ansiedade da vida – crise catastrófica mesmo, de paralisar, chorar e pedir ajuda. E de quebra, quase bati o carro num acidente – que teria sido tenebroso – por simples falta de atenção.

A “correria” virou a resposta, a desculpa, a justificativa para tudo. E é 100% socialmente aceitável. Não acho que ela deva ser. Existem sim períodos que nos exigem mais a fim de darmos conta das nossas atribuições. Mas esta não deveria ser a regra. Acho triste quando não tenho tempo disponível para estar presente e interagir com alguém que quer se conectar comigo naquele momento. E acho mais penoso ainda quando quero dialogar com alguém e essa pessoa não tem nem cinco minutos para demonstrar consideração, carinho e atenção.

Por mais que eu tenha escolhido hoje viver uma vida atribulada, muitas das minhas demandas são passageiras. E ao longo do caminho, vou aprendendo a dizer não, a me colocar em primeiro lugar, a reconhecer os meus limites e as minhas prioridades. Como repeti algumas vezes com a minha terapeuta hoje, eu até daria conta de tudo, se quisesse. Mas a que custo? 

Tem vezes que ter pressa é a resposta certa. Mas se tem algo que podemos tirar de lição nessa pandemia, é que o tempo passa, rápido demais, que certos momentos nunca voltam, que um artigo, um trabalho que pode demorar um pouco mais para ser entregue, por vezes são preferíveis do que perder a oportunidade de passar um tempo de qualidade com alguém, virtual ou presencialmente, de ter uma conversa na qual você se entrega e está presente.

É preciso pensar nos motivos reais por trás da pressa, e saber direcionar nossas escolhas de onde despender nosso precioso tempo. E isso é um exercício diário.

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